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UFG oferece curso de graduação em Física Médica

O Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás, além dos tradicionais cursos de Licenciatura e Bacharelado em Física, oferecerá a partir de 2013 dois novos cursos de graduação.


O Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás, além dos tradicionais cursos de Licenciatura e Bacharelado em Física, oferecerá a partir de 2013 dois novos cursos de graduação. Os cursos criados são: Física Médica e Engenharia Física, ambos com uma oferta de 25 vagas anuais. O curso de Física Médica da UFG será o primeiro a ser oferecido na região Centro-Oeste. No Brasil, são oferecidos atualmente cerca de dez cursos de Física Médica por diferentes instituições de ensino superior, todos localizados nas regiões Sudeste e Sul. Na UFG, nos últimos anos, o Instituto de Física incorporou um grupo de professores efetivos pesquisadores na área de Física Aplicada à Biologia e Medicina. Em decorrência disto e com o objetivo de atender a crescente demanda de profissionais na área Biomédica, foi criado o curso de Física Médica. A ideia do curso de Física Médica, portanto, é formar um profissional responsável por desenvolver pesquisas básicas na área de Física Aplicada à Medicina e Biologia, ou atuar no mercado de trabalho desenvolvendo novos equipamentos para tratamentos e diagnósticos médicos.

A missão do curso de Bacharelado em Física Médica é formar profissionais com uma visão multidisciplinar, embasados por uma base sólida de conhecimentos atualizados em ciências exatas, ciências médicas e biológicas. No entanto, é importante salientar que o curso de Física Médica é estritamente, em sua base, um curso de Física, mas com um forte enfoque em tecnologia biomédica. O curso de Física Médica objetiva flexibilizar a inserção do formando em um mercado de trabalho diversificado. Durante o curso, os alunos receberão conhecimentos avançados em Física, Matemática, Estatística, Computação, Biologia, Química, Eletrônica, Anatomia e Fisiologia Humana, além de conhecimentos interdisciplinares em Biofísica e Bioquímica. Dessa forma, dotando o aluno com habilidades, competências e atitudes necessárias que o capacitem para atuar na área de interface entre a Física, as Ciências Biológicas e da Saúde. Na fronteira da Física Aplicada à Medicina e Biologia, capacitando-o a utilizar e desenvolver novas tecnologias para tratamento e diagnóstico, agindo sempre com criatividade, espírito crítico-científico e de acordo com princípios éticos. O estágio profissional é obrigatório e deve ser cumprido, de preferência, no penúltimo semestre do curso. Exige-se ainda uma monografia de conclusão de curso.
    
A Física Médica é ignorada pela maior parte da população, existindo ainda um grande desconhecimento sobre suas diversas áreas de atuação, mesmo entre os físicos. A Física Médica ocupa-se com a aplicação de técnicas e métodos da Física Experimental e mesmo da Física Teórica para aplicações diagnósticas e terapêuticas. A Física Médica tem como objetivo aprimorar o diagnóstico e a terapia, investigando como o corpo humano interage com as diferentes formas de energia. O conhecimento adquirido, juntamente com a maneira de pensar da Física, permite que conceitos, modelos, procedimentos e leis sejam elaborados, contribuindo para o progresso e o aprimoramento do tratamento médico.

O Físico Médico é um profissional altamente qualificado indispensável para o sucesso e a segurança das diferentes aplicações de radiações ionizantes e não-ionizantes, de lasers e de nanotecnologia, nos mais diversos procedimentos médicos. Os frutos do seu trabalho estão presentes em todos os grandes hospitais e centros de saúde. O Brasil, no entanto, se defronta com grandes dificuldades para a formação desses profissionais. Os números de cursos de graduação são insuficientes e a maioria oferece uma formação voltada para a área de radiações ionizantes. Atender a demanda de diversas áreas e as oportunidades de pós-graduação são escassas. Diante da falta de divulgação, até mesmo os graduandos em Física desconhecem as várias oportunidades de trabalho na área de Física Médica. Poucos cursos e desconhecimento de oportunidades justificam, portanto, o pequeno número de 500 Físicos Médicos em atividade no país, principalmente nas regiões Sudeste e Sul. O Estado de Goiás conta atualmente com apenas 7 Físicos Médicos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existe a necessidade de 5 a 20 Físicos Médicos por milhão de habitantes. Tomando por base o número médio de 13 profissionais por milhão de habitantes, seriam então necessários aproximadamente 80 Físicos Médicos só no Estado de Goiás e um total de 2000 no Brasil todo. Segundo dados fornecidos pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), acredita-se que o mercado de trabalho potencial em Física Médica no Brasil está disponível através de aproximadamente: 33.650 serviços de diagnóstico por imagem, 215 serviços de radioterapia, e 799 centros de Medicina Nuclear. No contexto do Estado de Goiás, por exemplo, os dados relacionados à infraestrutura e pessoal revelam que somente a cidade de Goiânia dispunha em 2012 de um contingente de 5.326 Médicos, 2 centros de Radioterapia, 13 centros de Medicina Nuclear equipados com 3 Tomógrafos por Emissão de Pósitron – PET/CT, 53 hospitais gerais, 594 clínicas de diagnóstico por imagem, 35 serviços de radiologia equipados com 41 tomógrafos computadorizados, 15 tomógrafos de imagem por ressonância magnética nuclear e 2 faculdades de medicina.

O mercado potencial de trabalho na área de Física Médica é, portanto, bastante diversificado, incluindo instituições de ensino e pesquisa, hospitais e clínicas, empresas públicas e privadas, além da indústria de equipamentos para uso em diagnóstico e terapia. No Brasil, para o físico médico, o salário chega, em casos específicos, a 10.000,00 (dez mil reais) e depende de sua qualificação.

Estima-se que novos postos de trabalho possam ser criados, somente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nos próximos anos, com o objetivo de suprir as necessidades do país. Expectativas essas que se baseiam em relatório publicado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 31 de outubro de 2011. O relatório aponta que os procedimentos médicos que requerem a participação de Físicos Médicos, realizados em 2010, corresponderam a apenas 65,9% da necessidade estimada para o período. Em relação aos equipamentos de radioterapia, mesmo que fossem considerados como integrantes da rede aqueles existentes em instituições privadas, que não prestam serviços para o SUS, o déficit ainda seria de 57 unidades. De acordo com o relatório, em termos de capacidade instalada, a rede demonstrava um déficit de 135 unidades de atendimento de radioterapia.

Descentralizar e democratizar a presença de Físicos Médicos pelo território nacional, estruturar e atualizar a formação desses profissionais é um desafio para um futuro próximo. Caso contrário, corre-se o risco de nossos jovens serem substituídos por mão de obra estrangeira, como já vem ocorrendo em alguns setores produtivos da nossa indústria. Além da formação de recursos humanos qualificados, outro desafio será estimular tanto a pesquisa básica quanto a pesquisa aplicada e a inovação, ambicionando o desenvolvimento de tecnologia nacional para suprir as necessidades internas na área biomédica. Com a criação do curso de Física Médica, o Instituto de Física da UFG prepara-se para enfrentar esses desafios.

 

Prof. Dr. Sílvio Leão Vieira
Instituto de Física, Universidade Federal de Goiás, Câmpus II, 74001-970 Goiânia, Goiás.
Telefone: (62) 3521-1014  Ramal 249